quarta-feira, 1 de junho de 2011

Medicalização da Saúde....



Desde que me formei, em agosto de 1992 na Federal do Rio de Janeiro, aprendi com grades mestres na Universidade, como devemos tratar um paciente; principalmente nos últimos dois anos, antes da formatura. Neste íterim, durante minha graduação, fiz diversos estágios; só para citar alguns: pronto-socorro; cirurgia geral; centro de tratamento de queimados; centro de hemorragia digestiva; obstetrícia; CTI; etc. Saí da faculdade como clínico geral e é o que faço até os dias atuais.
Como clínico atendo pacientes com diversas patologias. Então para o hipertenso um anti-hipertensivo; para o diabético uma medicação para o controle dos níveis de glicose no sangue; para a tireóide “que não funciona” uma reposição do hormônio em jejum. E daí vai. O quero dizer é que desde que saí da faculdade vejo no cotidiano do médico o “tratamento” de doenças. Sempre tem uma medicação no meio. Os “homens das maletas” dos laboratórios nos corredores ansiosos por apresentar as novidades de “última geração”. Não que as medicações não sejam importantes. São sim! Salvadores de vidas em diversos casos. Mas de longe não são a resposta para a nossa SAÚDE. Não me lembro de ter uma cadeira na faculdade de “prevenção”. Se foi falado alguma coisa, não me lembro. Nos estágios, nem de perto qualquer coisa sobre hábitos de vida saudáveis. No máximo o que a gente ouve é: “você tem que perder peso, fazer exercício e ter uma dieta balanceada”.
Há cerca de poucas semanas me deparei com um caso que nem era meu. Era de um familiar internado, em recuperação pós-operatório. Após a cirurgia, a paciente queixou-se de: “indisposição no estômago” ou "dor". Como havia feito uso de anti-inflamatório, foi prescrito omeprazol endo-venoso. Pouco depois a paciente queixou-se de náuseas e vômitos biliares. Foi, então, prescrito plasil endo-venoso. Como não resolveu, foi passado outro remédio para náuseas; “mais forte”, que não me lembro o nome e que também não resolveu. Passaram-se sete dias sem alimentação, somente na "soroterapia". Então foi indicado, para o dia seguinte, a introdução de sonda para alimentação.
Acompanhando todo o processo, pensei! o que poderia estar causando tamanho desconforto? Quando estou “perdido” em determinado caso, tenho a tendência de observar se as medicações não estão interferindo no processo de melhora do paciente. Cada pessoa reage diferentemente ao uso das mesmas. Então todas as medicações foram suspensas. Em 24 horas a paciente já alimentava via oral e com MUITA FOME, sem nenhuma queixa clínica. Em 48 horas estava de alta hospitalar.
Em resumo, nossa SAÚDE, nossa recuperação está em nós mesmos. Não podemos achar que pílulas vão resolver tudo. A medicalização da saúde somente interessa aos grandes laboratórios. O pai da Medicina Hipócrates, disse: “Que seu remédio seja seu alimento, e que seualimento seja seu remédio".