terça-feira, 17 de abril de 2012

Entendendo o que preenche: a influência da alimentação no comportamento humano.


É inegável o papel da família, da educação, da sociedade, da cultura e do ambiente na influência do comportamento humano. Mas diante de tantos fatores, qual será o papel da alimentação nas respostas humanas aos estímulos do mundo em que vivemos?

A alimentação é um ato diário que nutre o organismo para a ação e que o torna apto para comportar-se. Ela é simplesmente a base e o que nutre a matéria. Porém, nos avessos das modernidades, ela tem se tornado cada vez mais vazia, ou seja, ausente dos elementos que preenchem as reais necessidades do corpo.

Sabe-se que o local em que vivemos exerce grande influência nas nossas atitudes. Se o ambiente externo exerce tal impacto, o ambiente interno (nosso próprio corpo) possui ainda mais importância, pois é o “palco estrutural” das atitudes. E, se o lado físico (que é um conjunto complexo sinérgico de células) é afetado, indubitavelmente o lado mental também será.

A alimentação contemporânea rica em açúcar, gorduras maléficas e elementos tóxicos tem afetado o comportamento humano. A mania de comida artificial e refinada foi um golpe e tanto na integridade física da espécie humana, com influência reflexa na integridade moral. Parece que a inteligência obedece a um determinismo químico, e por isso, nossa própria vontade é produto do que comemos (BOARIM, 1991; VASCONCELLOS, 1979).

A dieta possui um papel importante na construção da vida de cada um, pois tem impacto na cognição e intelecto. Isto porque todos os distúrbios de comportamento que caracterizam as doenças mentais em seres humanos, como distúrbios afetivos, de origem emocional, cognitivos ou com base funcional, são distúrbios do funcionamento do SNC. E muitas das matérias-primas de células nervosas, neurotransmissores e outros componentes deste Sistema vem de nutrientes, que por sua vez são provenientes da alimentação. Revela-se assim, como a má nutrição pode afetar não só o estado físico, como também o estado mental das pessoas (DOVICHI; LAJOLO, 2011; KANDEL; SCHWARTZ; JESSELL, 2000).

O problema de tal má nutrição vai além da falta de nutrientes. Apesar de termos uma noção do que estamos ingerindo, não sabemos de fato tudo o que estamos colocando para dentro de nossas células. Cada vez mais somos infestados por aditivos químicos, agrotóxicos e outros tantos disruptores endócrinos, que são agentes e substâncias químicas que promovem alterações no sistema endócrino humano e hormônios.

Assim, um indivíduo com alterações hormonais desencadeadas por disruptores endócrinos e com déficit de nutrientes que modulam funções vitais, tanto do sistema nervoso como de todo o corpo, faz de seu corpo um habitat que pode ser comparado a uma caverna. Mas uma caverna? Sim. Um corpo em decadência é como um lugar sombrio, sujo, prestes a desmoronar e susceptível à morada de outros bichos nada agradáveis, como morcegos e aranhas, ou traçando-se um paralelo, como maus pensamentos e emoções.

Já um corpo que é inundado por nutrientes benéficos à saúde (como vitaminas, minerais e antioxidantes) funciona como um contrato de longa duração assinado com os melhores construtores e faxineiros. A pessoa que possui hábitos saudáveis faz de seu corpo um castelo, onde elementos tóxicos são facilmente retirados, onde há limpeza constante, brilho, integridade e realeza.

Tais associações não são como regras, dado os múltiplos fatores que interferem na vida humana, e sim, tendências. Não é de se assustar que “pessoas que morem em cavernas” tenham maior tendência a um comportamento mais depressivo, agressivo e outros que desviem de boas condutas morais. Assim fica fácil entender que pessoas que moram em lugares limpos, arejados e em que a luz entre com facilidade, tenham maior tendência a terem uma postura mais positiva perante a vida, bem como a responder melhor as suas adversidades.

Não é preciso adquirir regras alimentares rígidas para se viver bem. O essencial é ter bom senso, equilíbrio e saber consumir mais alimentos “protetores” do que alimentos “devastadores”. É preciso ter consciência na hora das escolhas alimentares, lembrando-se que elas afetarão seu modo de viver! Sabendo-se afinar o saudável com o prazeroso é completamente possível ter hábitos e comportamentos mais saudáveis.

Referências:

- BOARIM, D.S.F. Nossa Comida Assassina. Itaquaquecetuba, SP: EditoraMVP, 1991. 404 p.
- DOVICHI, S. S.; LAJOLO, F. M. Flavonoids and their relationship to diseases of the Central Nervous System. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr. = J.Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 36, n. 2, p. 123-135, ago. 2011.
- KANDEL, E. R.; SCHWARTZ, J. H.; JESSELL, T. M. Principles of neural science. 4. ed. New York:McGraw-Hill, 2000. 1414 p.
- VASCONCELLOS, J.R. Os Intoxicados: (Somos o que Comemos).
Porto Alegre:Associação Macrobiótica de Porto Alegre, 1979. 141 p.












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