terça-feira, 10 de março de 2015

Bruxismo Infantil

Esse hábito tem gerado uma grande preocupação para os pais pois atualmente tem sido cada vez mais frequente nas crianças. As causas do bruxismo podem ser as mais diversas, desde estresse até herança genética.

Segundo a odontopediatra Adriana Ortega, professora da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Odontologia da Faculdade de Odontologia da USP, caso a mãe esteja desconfiada do problema, o diagnóstico deve ser complementado pelo exame físico, para o odontopediatra investigar se há sinais de desgaste nos dentes. “É importante ressaltar que a identificação dos desgastes é uma informação complementar e sozinha não é determinante para o diagnóstico”, diz Ortega. 

Em alguns casos, a criança que tem bruxismo não necessariamente levará o problema para a vida adulta. Ainda assim, caso o problema persista, há meios para controlar seus prejuízos, como o desgaste irreversível dos dentes, fratura de restaurações. Este controle para preservar o tecido dentário é feito com os dispositivos inter oclusais (placas) usadas durante a noite.

Para investigar a fundo a causa do ranger de dentes é preciso marcar consultas com outros especialistas além do dentista. Isso porque existem fortes evidências que os fatores que desencadeiam o bruxismo estão relacionados com alterações no sistema nervoso central e não nos dentes. “Pesquisas demonstram que muitas crianças com bruxismo podem apresentar sinais de ansiedade, estresse, apneia, entre outras alterações, que precisam de avaliação de diversos profissionais da área da saúde que não o cirurgião-dentista”. 
A Prof. Dra Juliana Stuginski, especialista em DTM e dor orofacial,  fez algumas considerações  importantes sobre o bruxismo:
             Baseado no relato de ranger de dentes, o bruxismo do sono é mais comum na infância (14 a 38%) do que na idade adulta (±8%).
            A probabilidade da criança ranger ou apertar os dentes é 1.8 vezes maior se os pais estiverem conscientes dos sinais e sintomas de bruxismo
             A probabilidade do relato de bruxismo aumenta 3.6 vezes se a criança apresenta algum distúrbio psicológico, 1.7 vezes maior se babar (relação com a respiração bucal) e 1.6 vezes se for sonâmbula.
            Crianças com bruxismo tem 16 vezes (!) mais chances de serem ansiosos.
            Crianças com TDHA – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade que recebem tratamento com medicações estimulantes do Sistema Nervoso Central (SNC) apresentam prevalência maior de bruxismo (o que pode ter relação com o papel dos neurotransmissores em bruxismo, ainda não estudado em crianças). Os autores enfatizam que neste caso o bruxismo seria secundário.
            Os fatores genéticos merecem ser mais estudados. Se um dos pais relatam apresentar bruxismo, a criança tem 1.8 vezes mais chance de ser também bruxista.
       Pouquíssimos estudos foram realizados com polisonografia em crianças no intuito de estudar a fisiopatologia do bruxismo do sono infantil. Um dos estudos verificou uma aumento no número de microdespertar, o que associou a problemas comportamentais de atenção. A forma como aconteceu o evento do bruxismo do sono primário é similar ao do adulto. Outro estudo realizado em 90 crianças com cefaleia, verificou associação entre bruxismo do sono e cefaleia tipo tensional.

        Relação entre os distúrbios respiratórios e o bruxismo (neste caso o primário é agravado ou o distúrbio do sono tem como consequência um bruxismo secundário). De fato, crianças com obstrução nasal têm prevalência de 62,5% de bruxismo. E já foi demonstrado que há uma redução na prevalência após procedimentos de tonsilectomia (de 45,5 para 11,8%) e adenotonsilectomia (25,7% para 7,1%).  Um estudo feito pela Universidade de Montreal com 604
crianças de 7 a 17 anos mostrou que pacientes Classe II apresentavam chance maior de relato de bruxismo (2.2 para esquelética e 1.9 para dental). Dessa maneira, é importante  o papel do cirurgião dentista em detectar o paciente respirador bucal e submetê-lo a tratamento, sobretudo aqueles com atresia maxilar.

       Destaca  um artigo realizado no Brasil pela equipe do departamento de Pediatria e Ortodontia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) publicado em 2009 que avaliou a prevalência e influência dos fatores psicológicos no bruxismo infantil. Eles encontraram uma prevalência de 35.3% mas não encontraram associação entre bruxismo, estresse ou gênero, idade e condição social. Crianças com algum tipo de neurose  ou muito responsáveis tiveram duas vezes mais chances de apresentar bruxismo do sono.
Atualmente, é importante observarmos o papel da respiração e sua relação com o bruxismo; tendo em vista a frequência de crianças com  algum tipo de dificuldade respiratória, processo alérgico, obstrução nasal. Vamos aguardar que linhas de pesquisas sejam feitas para verificar  que esta associação vai além da casualidade.
Fonte:
http://saude.terra.com.br/saude-bucal/atualidades/aprenda-a-identificar-se-seu-filho-tem-bruxismo,355d7fe6907ac310VgnVCM5000009ccceb0aRCRD.html

Dra Taluana Cezar Modesto França – CRO DF 4681
Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial
Periodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares
Site: www.dual.odo.br Facebook: dual.topdentbrasilia (curta nossa página)